Com a criminalidade cada vez mais destemida e bem instrumentalizada, o mercado da segurança privada se movimenta para produzir inovações e investe em tecnologia para oferecer prevenção e proteção aos condomínios residenciais. A vigilância eletrônica por meio de câmeras de alta resolução e o controle dos acessos feito remotamente estão entre as novidades do segmento.
Novas tecnologias incorporadas com sistemas de segurança bem elaborados surgem com a proposta de substituir os porteiros humanos com mais eficiência. Presente em mais de 700 condomínios brasileiros, a portaria remota assegura a entrada somente de pessoas autorizadas pelos moradores, passando por duas portas operadas em sistema de eclusa.
“Na portaria remota o visitante ou prestador de serviço aciona o interfone que se comunica exclusivamente com uma central para o atendente consultar o morador sobre a permissão do acesso. Além dessa barreira, as portas – no mínimo duas preconizadas – constituem barreiras, já que o funcionamento de eclusa abre e fecha automaticamente, acionado pela central. Quem entra não precisa nem tocar nelas”, explica o sócio da PAN Soluções em Segurança (empresa que comercializa a portaria remota em Criciúma), Rafael Igino Serafim.
Entradas e saídas registradas
O sistema traz o monitoramento registrado em sistema do horário de entradas e saídas com informações do apartamento responsável pela autorização e o meios de acesso (entrada principal ou garagem). Gerenciável por um aplicativo denominado Kiper, o morador tem a possibilidade de conceder acessos temporários via QR codes.
“É possível configurar o acesso direto de uma diarista, por exemplo, determinando o período de acesso. Assim o morador controla os horários de chegada e saída. E caso o prestador de serviço tente acessar em um momento diferente do programado, não vai conseguir. Inclusive se for organizar uma festa, o morador pode compartilhar o QR Code com os convidados e eles entram direto, sem precisar interfonar. São códigos individuais e o morador recebe notificações de chegada e saída de cada convidado”, detalha Serafim.
Furtos, os crimes mais comuns
Em relação a casas, os prédios residenciais ainda registram um número menor de ocorrências de furtos ou roubos, porém a distância já foi maior. Conforme o especialista em segurança, o coronel da reserva da PM Márcio Cabral, há pouco mais de 10 anos em média a cada 100 casas, um prédio sofria assalto. A relação hoje não chega a 70 por um. “Em geral os assaltos, sobretudo na nossa região, não são planejados. É uma oportunidade, um vacilo, que o bandido aproveita para entrar no edifício e levar pertences dos condôminos ou artigos de áreas comuns. Por isso o controle de acesso inibe o marginal. Ele quer facilidades e não ser visto”, observa.
Pela experiência à frente na divisão de roubos e furtos da Polícia Civil, o delegado Márcio Campos Neves aponta um crescimento dos crimes nos períodos em que há poucos moradores, especialmente no verão e festas de fim de ano, mas também nos fins de semana. “Já houve casos de quadrilhas especializadas que visam objetos de valor agregado e de fácil venda, mas são assaltantes de fora da região. O mais comum é o furto de carros, bicicletas ou itens que ficam na garagem, já que a ação é rápida”, dita.
Entre os períodos do dia, a tarde costuma ocorrer mais crimes em condomínios, por conta de situações bem comuns. “Muitos prédios são vulneráveis, outros possuem um vigilante somente à noite e acabam considerando a presença humana de um(a) zelador(a) suficiente para controlar os acessos, porém acaba sendo um risco por não terem treinamento adequado e até por esses profissionais não estarem o tempo todo na portaria”, frisa.
Sensores de “carona” nas portas da garagem e acionamento do modo pânico
A automatização dos acessos vem com inovações também para as garagens. O sensores de carona incluídos aos portões permite à central da portaria remota saber se há um corpo estranho que entrou junto ao carro do morador. “O sensor acusa a entrada de algo diferente do carro. É a prevenção caso algum bandido entre escondido sem o morador ver. Ao receber o chamado, a central liga para o morador para saber se a pessoa que entrou junto tem a autorização dele e, em caso dele não ter percebido, damos as orientações de segurança para o possível assalto”, aponta Rafael.
Atenção à colocação e resolução das câmeras
As câmeras de segurança estão em praticamente todos os edifícios. Trata-se de um recurso importante de prevenção e monitoramento, porém a aplicação falha dessa tecnologia pode torna-la inócua, alerta o delegado Márcio Campos Neves. “Ao fazer um investimento nesses equipamentos, é fundamental uma resolução boa e sobretudo planejar bem a colocação delas. É muito comum vermos câmeras de vigilância somente no alto, o que é um erro. Se um assaltante chega de boné, pode fazer toda a ação sem ter o rosto detectado, o que dificulta na apuração do crime. Por isso ter câmeras baixas com ângulos que peguem o rosto das pessoas é fundamental”, orienta.