Como cultivar a saúde mental no trabalho?
Vivenciamos a era da urgência, do “agora”. Uma era que exige das pessoas tempo, dedicação, produtividade máxima, mas que atinge em cheio a saúde mental. É preciso acordar cedo, malhar, se alimentar bem, falar várias línguas, cuidar da aparência, acompanhar as redes sociais, trabalhar, ser pró-ativo, sair com os amigos… A lista não acaba nunca. Esse senso de urgência e de “preciso dar conta de tudo” gera muitas doenças como crises de ansiedade, síndrome de Burnout e depressão.
O assunto saúde mental foi bastante abordado no Concarh 2023. Principalmente porque as empresas já estão conscientes de que precisam auxiliar o colaborador para que ele mantenha a saúde – do corpo e da mente – em dia. Afinal, quanto mais saudável e feliz ele estiver, melhor será o clima no trabalho e os seus resultados.
Entre as alternativas que as empresas encontram para trilhar esse caminho estão benefícios como gympass, auxílio saúde mental, horário de trabalho flexível, escuta ativa e atenção às rotinas de trabalho dos colaboradores para que não fiquem sobrecarregados e para que possam sentir-se seguros e felizes.
Conheça seus limites
A jornalista Izabella Camargo achava que estava bem, que sua rotina corrida de trabalho “fazia parte” da jornada, até que um belo dia sofreu um apagão quando estava em uma transmissão ao vivo na televisão. Foi quando resolveu procurar a ajuda de um psiquiatra e após dois anos de exames, adaptações de horário e afastamentos do trabalho, recebeu o diagnóstico: síndrome de Burnout.
A síndrome é caracterizada pela exaustão extrema a ponto de impedir a pessoa de lidar com as questões básicas do dia a dia de modo eficiente. Está ligada diretamente ao trabalho e também pode ser responsável por insônia, perda de apetite, lapsos de memória, baixa autoestima, entre vários outros sintomas. (Você pode saber mais sobre a doença clicando no link https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout).
Como recado, Izabella lembra que o Burnout não chega do dia para a noite e é importante estar atento aos sinais. E para lidar com tantas mudanças que ocorrem diariamente, a jornalista recomenda segurança psicológica. Caso o ambiente de trabalho não seja propício a tomar decisões, ser transparente, compartilhar ideias de forma saudável, é preciso ligar o sinal de alerta. Izabella Camargo é autora do livro Dá um tempo!: como encontrar limite em um mundo sem limites.
Qual adoece primeiro, o corpo ou a alma?
Especialista em saúde mental e Médico do Trabalho, Marcos Mendanha levou essa provocação para a arena Concarh. Em sua palestra falou da dificuldade que o ser humano possui em separar corpo e mente e que muitas vezes a negligência com o corpo acaba gerando distúrbios mentais. O mesmo pode ocorrer quando esquecemos de cuidar da mente. O especialista define como conceito de saúde: o equilíbrio por excelência.
A grande questão, nesse caso, é: como encontrar o equilíbrio?
Mendanha diz que precisamos entender esse novo mundo movido por demandas que não cessam nunca. Entender que cada vez que escolhemos uma coisa, abrimos mão de outra, o que gera muita angústia. Então precisamos saber se queremos carregar essa angústia, ou deixar que ela se dissolva. Como dica, o médico orienta buscarmos o nosso propósito, os nossos valores, e ao encontrá-los saberemos se estamos no caminho certo ou não.
Além disso, ele também deixou como dicas, estabelecer vínculos saudáveis, reduzir (fazer desconexão) o uso de telas e tomar cuidado com as longas jornadas de trabalho.
Artigo por Tatiani Longo e Samira Pereira.