Pensando no futuro das empresas familiares

A empresa familiar talvez esteja entre os ambientes mais complexos para se administrar. Muitas vezes, a missão de vida do fundador se confunde com a da empresa. Lida-se com as expectativas sobre o desempenho dos filhos, o desejo de fazer o filho sucessor mesmo que ele não queira ou não tenha competência, e com divergências entre irmãos e primos. Há uma série de questões emocionais, financeiras e profissionais afetando o ambiente. Como diz o professor da Board Academy, Udo K Gierlich: “Estamos mexendo com dinheiro, poder e ego das pessoas.” E por isso estabelecer a governança é tão importante.

No Brasil, 90% das empresas nascem familiares. Elas representam 65% do PIB brasileiro, mas apenas 5% chegam à terceira geração, de acordo com dados do Sebrae e IBGE. Se as empresas familiares são tão importantes no Brasil, tratar de governança e sucessão nesses ambientes significa impactar a economia do país como um todo, trazendo sustentabilidade para os negócios e a economia.

A governança e a sucessão são essenciais para garantir a longevidade e a saúde das empresas familiares. Ter uma governança eficaz significa definir claramente os papéis e responsabilidades dentro da empresa, o que minimiza conflitos e proporciona um caminho estruturado para a sucessão. Com uma sucessão planejada e estruturada, a liderança e os valores da empresa são preservados e adaptados às novas realidades do mercado, assegurando a continuidade e a prosperidade do negócio.

Porém, o ambiente complexo de uma empresa familiar requer mais atenção a este processo. É preciso mapear o DNA dela, pois cada uma é diferente da outra e não há fórmula pronta. Isso envolve entender profundamente a cultura, os valores e as dinâmicas específicas de cada família empresária. Cada empresa familiar tem uma história única, com seus próprios desafios e conquistas que moldaram sua identidade ao longo do tempo. Reconhecer essas particularidades é importante para criar um modelo de governança que respeite a essência da empresa e atenda às suas necessidades específicas.

Mapear o DNA da empresa inclui analisar as relações familiares, os estilos de liderança, as expectativas de cada membro da família e os objetivos de longo prazo da empresa. Esse entendimento ajuda a identificar potenciais fontes de conflito e a criar mecanismos para resolvê-los de maneira eficiente. Além disso, permite alinhar os interesses da família com os objetivos da empresa, garantindo que todos estejam trabalhando em conjunto para o sucesso do negócio.

Sem essa compreensão detalhada, qualquer tentativa de implementar práticas de governança pode falhar, pois não levará em conta as nuances que tornam cada empresa familiar única. Portanto, dedicar tempo e recursos para mapear o DNA da empresa é um investimento essencial para estabelecer uma governança sólida e eficaz.

O papel do fundador após a sucessão

Ao estabelecer governança e sucessão, é necessário que o fundador continue participando do processo, com um papel bem definido. A experiência, a visão e os valores do fundador são ativos inestimáveis para a empresa, e sua participação pode fornecer estabilidade e continuidade durante a transição. No entanto, é importante que esse papel seja claramente delineado para evitar sobreposições de autoridade e potenciais conflitos. O fundador pode atuar como mentor, membro do conselho consultivo ou em outra função estratégica que permita compartilhar seu conhecimento e orientar os novos líderes, enquanto respeita a nova estrutura de governança. Essa abordagem garante que a sabedoria do fundador seja aproveitada sem comprometer a autonomia dos sucessores, promovendo uma transição harmoniosa e bem-sucedida.

Em time que está ganhando não se mexe?

Aqueles que estão à frente de empresas familiares e não acham necessário trabalhar governança e sucessão devem reconsiderar essa postura. Como afirmou o professor Udo K Gierlich, “Aqueles que falam ‘Em time que está ganhando não se mexe’ mostram o desejo de se manter na zona de conforto e indicam uma tendência à obsolescência da empresa.”

A governança não é apenas uma prática administrativa; é uma ferramenta essencial para a sobrevivência e prosperidade das empresas familiares. Ignorar sua importância pode significar deixar a empresa vulnerável às complexidades do ambiente familiar e às demandas do mercado, comprometendo seu futuro.

Alfa Comunicação e Conteúdo

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