Curiosidade e conhecimento: o papel do Conselho Consultivo no planejamento

Chegou a época do ano em que muitas empresas organizadas começam a se dedicar ao planejamento estratégico para o próximo ano. Este é um momento de reflexão e análise profunda, onde as decisões tomadas terão impactos significativos nos rumos da organização. No centro deste processo está o Conselho, que tem o papel de definir as diretrizes que guiarão a empresa. Além de ouvir as expectativas dos acionistas, para que esse trabalho seja efetivo, é necessário que o Conselho conte com duas habilidades essenciais: conhecimento e curiosidade.

O conhecimento deve ser construído a partir de duas vertentes principais: o interno e o externo. Internamente, é necessário um diagnóstico claro da situação atual da empresa, que inclui a identificação de áreas que precisam ser aprimoradas, comportamentos que devem ser interrompidos e oportunidades que podem ser exploradas. Esse autoconhecimento organizacional é a base para qualquer plano bem-sucedido, pois só ao compreender seus próprios pontos fortes e fracos a empresa poderá avançar com segurança.

Por outro lado, o conhecimento externo é igualmente relevante e exige uma visão ampla sobre o cenário que envolve a empresa. Isso inclui a análise de concorrentes, o comportamento do consumidor, a entrada de novos produtos substitutos no mercado, bem como a situação econômica, as incertezas do mercado e os desdobramentos geopolíticos que podem impactar o negócio. Um Conselho bem-informado é capaz de antecipar tendências, identificar riscos e visualizar oportunidades que, de outra forma, poderiam passar despercebidas.

As formas mais tradicionais de adquirir esse conhecimento externo incluem a leitura constante, o acompanhamento rigoroso de notícias, a participação ativa em eventos da indústria e o estabelecimento de uma rede de contatos (networking) robusta. Essas atividades são fundamentais para manter o Conselho atualizado e preparado para tomar decisões informadas. Contudo, há um aspecto que muitas vezes é negligenciado: o valor do que está fora do círculo usual de atuação. Usando uma expressão bastante popular nos dias de hoje, é importante “sair da bolha”. Isso significa que o Conselho deve buscar referências além do seu ambiente habitual, explorando diferentes segmentos de mercado, conversando com pessoas de diferentes gerações e realidades sociais, e interagindo com empresários de setores completamente distintos. Essa diversidade de perspectivas é o que realmente amplia o repertório de conhecimento e pode levar a insights inovadores e valiosos.

Curiosidade

Conhecimento sem curiosidade é como uma ferramenta poderosa deixada de lado. A curiosidade é a força motriz que nos impulsiona a questionar, explorar e ir além do óbvio. Ela nos mantém atentos ao novo e ao inesperado, nos leva a fazer perguntas e a buscar respostas que, muitas vezes, revelam oportunidades escondidas. Ser curioso é também ser questionador — é ter o desejo de entender os motivos por trás de cada situação antes de formar um julgamento sobre sua validade ou aplicabilidade.

Frank Sesno, em seu livro “Ask More: The Power of Questions to Open Doors, Uncover Solutions, and Spark Change”, enfatiza a importância de fazer as perguntas certas. Segundo ele, o ato de questionar é o que nos permite abrir portas, descobrir soluções e fomentar mudanças. No contexto do planejamento estratégico, algumas perguntas que podem ser determinantes incluem: Estamos realmente preparados para as mudanças iminentes no mercado? Como podemos alavancar novas oportunidades que estão surgindo? O que nossos clientes mais valorizam e como podemos atendê-los melhor? E, talvez a mais importante de todas: Estamos fazendo as perguntas adequadas para entender profundamente o cenário à nossa frente?

Um Conselho consultivo que busca conhecimento de forma ampla, que é incansavelmente curioso e que faz as perguntas certas estará sempre em uma posição vantajosa para orientar o planejamento estratégico da empresa. Mas esse papel não se limita apenas à orientação inicial. É fundamental que o Conselho também ouça atentamente as expectativas dos acionistas e compreenda os macro objetivos de valor da organização. O Conselho não deve se envolver diretamente na execução do planejamento, mas tem a responsabilidade de acompanhar de perto sua implementação. Isso inclui monitorar se as metas estabelecidas estão sendo alcançadas e cobrar os responsáveis quando necessário. O papel do Conselho não é o de tomar decisões operacionais, mas isso não significa que deva permanecer neutro ou indiferente. Pelo contrário, o Conselho tem a obrigação de aconselhar de forma assertiva, garantindo que a empresa esteja no caminho certo para atingir seus objetivos e superar os desafios que surgirem ao longo do percurso.

Assim, ao combinar conhecimento e curiosidade com a prática de questionar, o Conselho consultivo se posiciona como um verdadeiro guardião do planejamento estratégico, não apenas definindo o rumo da empresa, mas também assegurando que ele seja seguido com rigor e comprometimento.

Alfa Comunicação e Conteúdo

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