A velocidade das transformações do mundo, impulsionada pela tecnologia e os recentes avanços em ciências de dados e inteligência artificial vêm aquecendo o mercado de startups e os investimentos no setor. Com suas grandes dimensões e ecossistemas regionais fortalecidos, o Brasil alavancou o forte incremento de recursos aportados em startups na América Latina no segundo trimestre deste ano, segundo relatório da plataforma Sling Hub.
Entre abril e junho de 2024, os investimentos em startups, o venture capital (VC) somou US$ 2,2 bilhões no subcontinente latinoamericano. Deste montante o Brasil responde por US$ 1,2 bilhão – mais da metade. Os indicadores refletem uma tendência internacional, puxada pelo mercado norteamericano e também pelo cenário econômico brasileiro, com destaque às sucessivas baixas da taxa básica de juros, aponta o sócio da Stars Aceleradora, Guilherme Osellame.
Em maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros para 10,5% ao ano, o menor patamar desde fevereiro de 2022. Este movimento, segundo o especialista, tem incentivado uma maior alocação de recursos em ativos de risco, como startups, em razão da diminuição das remunerações por renda.
“O cenário tem se mostrado muito promissor para investimentos e o movimento se percebe a partir dos Estados Unidos, que responde por mais de metade do mercado de venture capital no mundo. Uma série de fatores fez com que muitos investidores segurassem dinheiro, sobretudo no durante e pós-pandemia. Agora, com o rentismo menos convidativo e um momento em que nunca se teve tanto dinheiro disponível para o VC, com oportunidades impulsionadas pelo interesse e necessidades em inovação, como IA, data science e ESG”, aponta o Osellame.
Na classe de ativos do venture capital há um potencial de alcançar retornos expressivos acima da média, sobretudo em “momentos de estresse de mercado e baixa liquidez”, enaltece o especialista. “Nessas ocasições normalmente grandes oportunidades aparecem. Recentemente tivemos a aquisição de uma startup investida pela Stars, a 7AZ, que foi comprada pela Bemobi em uma operação que rendeu aos investidores cinco vezes mais do que o aportado”, aponta Osellame.
Potenciais no interior do país: a tese de investimento da Stars Aceleradora
Com unidades em Criciúma, Santa Maria (RS), Lajeado (RS), Curitiba (PR), e Vitória (ES), a Stars Aceleradora está entre as maiores aceleradoras de startups do país com foco em mapear e investir em negócios fora do radar dos grandes centros do país. Com mais de R$ 30 milhões captados e uma rede de mais de 400 investidores, a empresa avaliou mais de 1 mil startups nos últimos anos. “Por termos uma rede pulverizada e contatos em diversos ecossistemas microrregionais, temos a capacidade de mapear startups muito promissoras, com forte possibilidade de crescimento e escalabilidade, com valuations (valores de mercado) mais atrativos. Assim, por meio dos grupos de investidores como o que formamos no Sul de Santa Catarina, conseguimos alcançar bons resultados com volumes menores do que a média das grandes cidades”, destaca Osellame.
Critérios de investimento e setores promissores
A Stars Aceleradora não se limita a um setor específico e mapeia modelos de negócios variados, desde agro até saúde. “Em geral o mercado tem uma predileção por empresas b2b (que vendem produtos ou serviços para outras empresas ou organizações), por conta de ser um ambiente de maior recorrência de compra e por ter maior liquidez no mercado. Nós gostamos de aportar investimentos em soluções com potencial de escala de mercado e que resolvam dores (problemas) muito claros”, ressalta.
A aceleradora busca também agregar valor além do capital financeiro, oferecendo conexões e expertise para potencializar o sucesso das startups investidas. “Temos em nossos grupos investidores de variados setores e, consequentemente, várias dores a serem desenvolvidas e espaços para inovações serem testadas e validadas”, destaca.