O maior congresso de gestão de pessoas do Sul do país atraiu cerca de 3 mil profissionais de recursos humanos ao Centrosul, em Florianópolis, na última semana. Durante dois dias o Concarh 2023 promoveu uma verdadeira imersão em assuntos complexos e desafiadores da atualidade.
Com o tema “Podemos ser o que queremos ser?” o evento trouxe muitas discussões sobre diversidade e inclusão. Além disso, assuntos como gestão, saúde mental e tecnologia também fizeram parte da programação. Foram mais de 100 palestrantes, alguns de renome nacional e internacional, oferecendo conteúdo de qualidade em quatro arenas que dividiram o público por assuntos de interesse. Nós acompanhamos as principais palestras e agora compartilhamos os principais insights com vocês:
Sobre ESG:
São apenas três letras, mas elas andam rondando a cabeça dos RHs há algum tempo. O termo Environmental, Social and Governance (ESG), é uma sigla em inglês que traduzida significa “Ambiental, Social e Governança”. Além disso, a expressão vem sempre acompanhada do comprometimento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os temas foram abordados nos dois dias de Concarh e reforçaram a importância de refletir se as práticas realizadas na empresa podem ser consideradas ou não, socialmente responsáveis e sustentáveis.
Remetendo ao tema central do evento Podemos ser o que queremos ser?, o destaque ficou com o tema diversidade, fazendo diversas provocações. Como as organizações têm lidado com as diferenças, afinal?
Pesquisas mostram que um dos principais desafios nesta questão é engajar as lideranças e quebrar as barreiras em relação ao assunto. Além disso, é preciso incluir o assunto como pauta estratégica para conseguir gerar transformação. “Transformação é ter as ações contínuas e estratégicas conectadas com os objetivos da empresa. O RH deve atuar como agente de transformação no processo”, destacou Andreia Tenuta que trabalha com diversidade etária.
O olhar para a diversidade deve ser contínuo. O educador Tiago Paiva lembrou que a Geração Z está sempre à procura de empresas mais inclusivas para trabalhar. E não basta ter um time diverso, precisa promover a inclusão. “A cultura da diversidade precisa vir da alta liderança, da estratégia da empresa. O principal pilar para desenvolver essa cultura é o recrutamento de pessoas que precisa ser aberto à diversidade”.
Sobre o uso de tecnologia:
Um dos assuntos mais abordados durante as palestras no Concarh foi: tecnologia, em especial Inteligência Artificial. Por meio dela, as organizações têm à disposição uma ampla gama de ferramentas e recursos que permitem uma comunicação eficiente e ágil entre os integrantes da equipe. A IA possibilita a automação de tarefas rotineiras e repetitivas, liberando tempo valioso para os colaboradores se concentrarem em atividades de maior valor agregado. “IA não é uma exterminadora do futuro! Utilize-a como otimização, e não como inimiga. Entendam sobre ela, porque vai dominar a nossa vida. Entendam essas mecânicas para ter segurança na ferramenta e habilidade na exploração. Olhem o que a concorrência está fazendo, ela não está parada. Teste, teste, aprenda e se prepare para escalar. Tenham coragem para ressignificar o futuro no presente, porque com certeza o futuro é otimista”, alertou Demetrio Teodorov, palestrante, estrategista e futurista.
Sobre cultura organizacional:
Outro tema em alta! A cultura organizacional desempenha um papel de extrema importância na empresa! Ela molda a maneira como os colaboradores interagem, trabalham em equipe e tomam decisões. Uma cultura organizacional positiva e sólida promove a identidade e os valores do negócio, fornecendo uma direção clara e compartilhada. Além disso, também fortalece o senso de pertencimento e engajamento dos funcionários, aumentando sua motivação e produtividade. “A cultura organizacional não é um aspecto do jogo. Ela é o jogo! Se você olhar para ela, cuidar, definir comportamentos toleráveis e não toleráveis, com certeza terá uma empresa que retém talentos, que tem um bom clima. Lembre-se: tudo aquilo que você tolera, cresce!”, avaliou a diretora estratégica da Vallora, Indianara Buratto.
Sobre reciprocidade organizacional:
Você sabe o que é Employee Lifetime Value (ELTV)?
O conceito está diretamente relacionado à reciprocidade organizacional (percepção dos funcionários sobre como a organização valoriza e reconhece suas contribuições, oferecendo benefícios e oportunidades em troca).
Quando uma empresa investe no desenvolvimento e bem-estar do colaborador ao longo de sua trajetória profissional, demonstra um compromisso em cultivar um ambiente de trabalho positivo e valorizar as habilidades e esforços de cada indivíduo. Em troca, os funcionários tendem a se envolver mais com a organização, aumentando sua dedicação, produtividade e lealdade.
Essa relação de troca positiva, baseada na reciprocidade, cria uma cultura organizacional saudável, na qual tanto a empresa quanto seus colaboradores se beneficiam mutuamente, impulsionando o crescimento e o sucesso a longo prazo. “As pessoas têm data de validade na empresa, que pode ser acelerada ou prolongada, de acordo com as ações internas. Elas têm inclinação a permanecer onde podem impactar o meio, a sociedade e o mundo. Se elas enxergarem isso na empresa, a experiência será muito melhor”, enfatizou o palestrante Renato Navas – Head of People Success na Pulses.
Sobre saúde mental:
As pessoas não conseguirão desenvolver seu potencial se o ambiente de trabalho não for saudável e inclusivo. É preciso ter espaço para errar e poder falar o que sente e pensa. As empresas que ainda não se atentaram para essa questão, precisam rever suas práticas. Lembrando que o líder não precisa ser médico, coach ou psicólogo, mas ele precisa estar atento aos seus liderados, e entenda que possui parte de responsabilidade sobre a saúde mental dos trabalhadores.
“O comportamento da liderança influencia muito no comportamento e bem-estar das pessoas. É preciso tirar o assunto debaixo do tapete e olhar atentamente para temas como turnos de trabalho, flexibilidade, discriminação, falta clareza nas funções. São fatores elementos, os chamados gatilhos que favorecem adoecimento mental”, reforça a médica do Trabalho, Daniela Bortmann.
Artigo por Tatiani Longo e Samira Pereira.